sexta-feira, 29 de julho de 2011

Brancos, Morenos e Negros no Brasil

BRANCOS, MORENOS E NEGROS, NO BRASIL
Solidários ou Contrários?!
J. Jorge Peralta

I- Gilberto Freyre, o Grande Paradigma?!
Gilberto Freyre - Google
1. As pessoas, às vezes, para agradar certas platéias de tendências marcadas, traem-se a si mesmas, agindo por injunções políticas, contra os dados da realidade observável e incontestável. Foi o que aconteceu com Fernando Henrique Cardoso, em Magna-Conferência, onde considerou as interrelações de brancos e negros, no Brasil, como de um equilíbrio impossível entre contrários. É dessa afirmação que aqui tratamos. Contestamos a palavra “contrários”.
Entre muitas afirmações engrandecedoras e louváveis, Cardoso disse:
Freyre defende a ideia de que há aqui um “equilíbrio entre contrários”(brancos e negros). É uma ideia dialética que nunca se realiza, nunca chega a uma síntese”.
Uma frase dúbia e contrária à realidade observável, que o mundo
celebra, inclusive Mandela, o Presidente Negro, da África do Sul, que louvou o Brasil  como um país multirracial, onde negros e brancos vivem  em paz e liberdade para crescer, empreender e criar seus filhos.

2. A frase, com todo o respeito ao histórico do autor, é uma farsa para atrair as boas graças de certas ONGs oportunistas, ao jogarem irmão contra irmão. Em vez de semear solidariedade, semeiam o conflito estéril.
Mandela - Google
Caro leitor, neste país, todos sabem muito bem que, brancos e negros andam juntos, sem se esmurrar, como ocorre em outros países que todos bem conhecemos. O Brasil é um outro caso, um novo paradigma. Mandela sabe disso, mas alguns brasileiros, por conveniência política, fazem de conta que não sabem.
Como vê o leitor, para ajudar a escrever este ensaio, convoquei Mandela, Fernando Henrique e o romano Virgílio, Kennedy, H. Golden, o IBGE e todo o nosso camarada Povo Moreno.Que o leitor possa nos ajudar também nesta ousada e importante  tarefa.

II – Convivência Multirracial Solidária
3. Muitos desejariam talvez que brancos, pardos e negros se esmurrassem em praça pública, para terem assunto para  crônicas racistas. Mas isto não acontece. Somos um País que sabe viver e conviver com a diversidade, respeitosamente, com toda a normalidade.
Neste País, os negros e os pardos vão à escola, fazem universidade, são engenheiros, arquitetos, professores,  advogados, médicos, professores,  marceneiros, jornalistas, editores, operários, agricultores,  motoristas, escritores, artistas, cantores, esportistas, empresários, diretores, vereadores, deputados, senadores, juízes, prefeitos, governadores, presidentes da República,  pais de família, etc. Cada um exerce funções de acordo com suas competências e deliberações. Da mesma forma que os brancos, sem discriminação, todos podem exercer qualquer das funções disponíveis.
A lei proíbe a discriminação, há  muito tempo. Olha-se a competência e o mérito e não a cor da pele. Assim é e assim deve ser. Quem quiser o contrário há de se frustrar.
Quem se opuser talvez precise verificar se em seu DNA existe algum “gene” ditatorial ou fascista, e trate de o extirpar, se possível, para saber conviver em paz, ao menos consigo mesmo.
Só os nefelibatas não vêem que a discriminação não é uma questão válida no Brasil, e nunca foi, apesar de eventuais  exceções esperáveis. Então pardos, negros e brancos são iguais em direitos. São parceiros e não contrários. Desentendimentos pessoais?! Não se confundam com intolerância racial.

4. A frase talvez seja bem aproveitada por alguns, adeptos do “quanto pior melhor”. A frase deu “autoridade” e o “mote” à maledicência. Faltou coragem intelectual e isenção ao autor diante da realidade do país, ou foi apenas descuido de redação. Só a verdade liberta. Não é isso que as pessoas responsáveis proclamam? Como se desdizem?!  Ah! Eu bem sei que, às vezes os deuses  também cochilam. (“Aliquando, divus Homerus dormitat”)

Dizer que brancos e negros, no Brasil, são “raças” contrárias é uma aberração. É atitude dos fracos que apenas rezam pela cartilha infame do fascista  “politicamente correto”, que não deixam as pessoas livres para pensar e falar, cedem a modismos  infames... muito em voga.

Freyre não falava do equilíbrio entre contrários, mas do equilíbrio entre raças solidárias, que interagem.
Contrários podem ser  os oprimidos e os opressores; os pobres e alguns ricos; os intelectuais e os outros...

III – Igualdade Interracial, por Direito e na Prática

5. Freyre celebrava o grande espetáculo que o Brasil dava e dá ao mundo, de um país, onde brancos e negros não são contrários. Antes: Aqui vivem lado a lado, solidariamente, e com respeito mútuo, em todas as esferas da sociedade, nas escolas, nas associações, nos locais de divertimentos, no meio das multidões, nos campos de futebol, nas praias, nas igrejas, no ônibus, no trem, no metrô, na política e no mundo intelectual. Assim é há séculos e assim será sempre. Aliás, assim é, também em Portugal.
Tela - Portinari
Brancos e negros são parceiros, no trabalho suado, para que todos possam viver num mundo melhor. Bem sabem que, sem o suor do próprio rosto, não há prosperidade, nem bem-estar, a não ser  para os  contraventores
Não entendi porque Fernando Henrique não falou dos Morenos/Mulatos, onde ele mesmo se enquadra, geneticamente, se os mulatos (39,1%) são em número muitas vezes superior aos negros (6,2%), a ponto de o Brasil ser tido como povo moreno, com muita honra.
Se argumentarmos cientificamente, pela ciência genética, veremos que a cor da pele e ascendência racial não caminham sempre juntos. Aliás, isso é bem notório para quem quer ver.  Muitos dos que se declaram brancos, têm negros  e índios em sua linhagem. E muitos dos que se consideram negros têm  brancos e índios em sua linhagem. E muitos dos que se consideram negros têm brancos em sua linhagem. Isto sem falar dos pardos ou mulatos, cuja designação já declara a miscigenação.
Conclusão: o senhor Gilberto Freyre tinha razão. O Brasil tem 500 anos de miscigenação. Só não sabe quem não quer.

Artesanato - Bahia
6. Eu, pessoalmente, trabalhei e convivi por mais de 50 (cincoenta) anos, em companhia de mulatos e de negros, e, logicamente de brancos e nunca considerei os mulatos, os morenos e os negros inferiores aos brancos. Até porque não são. Às vezes até são mais cordiais e dedicados. Nunca vi tratamento diferenciado entre brancos, morenos/mulatos e negros. Somos todos iguais, em princípios, enquanto todos somos diferentes. Cada um se distingue apenas por seus méritos, seu histórico e suas competências e dedicação. Este é um comportamento normal, no Brasil; é norma por todos aceita, sem questionar, naturalmente.

No Brasil, o que incomoda e até discrimina as pessoas não é a cor da pele, onde se destaca o branco, o moreno e o negro, mas o nível sócio-econômico e educacional, onde as classes A, B, C, D, E. São tratadas desigualmente. Em cada uma dessas classes existem pessoas das três raças. Não somos sociedade de castas, mas uma sociedade aberta, mas injusta com muitos. Nas classes D e E há Brancos, Mulatos/Pardos, Negros, em igualdade de péssimas condições. A miséria não distingue a cor da pele. Aqui, os brancos são discriminados. Ninguém reclama por eles?!
O que falta é a classe A e B ser mais solidária e mais justa com as classes C, D, E. Precisamos exigir  educação de qualidade para todos. Esta é a conquista que nos falta: Educação de qualidade, sem burlar...

7. Somos um País “livre”, com garantia das liberdades essenciais, para todos. No entanto, a discriminação ressurge no seu rumo pérfido e trágico, artificialmente criando antagonismos artificiais. 
Artesanato - Bahia
Se alguém falar que se orgulha de ser negro é aplaudido. Certíssimo, todos  devem se orgulhar do que a natureza  lhes deu. Mas se alguém disser que se orgulha de ser branco ou mulato poderá ser vaiado. Lastimável. Afinal cada um deve estar satisfeito do que é, sem mágoas ou recalque. Ser branco, negro ou moreno é condição de nascimento, da natureza  em que  a pessoa não interfere.  O natural é que  o branco se orgulhe de ser branco; que o moreno se orgulhe de ser moreno; que o negro se orgulhe de ser negro. A raça é dada pela natureza e não pela cultura.
Depois, todos, em uníssono, nos orgulhamos  de ser brasileiros. Este é o meu país.
Está na hora de dizer  a todos que o trabalho honra as pessoas e não é castigo: que quem liberta é o trabalho, numa sociedade justa e igualitária.
Que só  o trabalho constrói. É preciso deixar de enganar as pessoas gritando-lhes que é  proibido, proibir, que tudo lhes é permitido, e dizendo-lhes que a liberdade não existe sem os devidos limites. Aquele princípio já deixou muita gente infeliz... Chega de enganar!
Está na hora  de abandonar a estratégia do charlatão: deixar de submeter  as pessoas com doações, em vez de “ensinar a pescar”.
A igualdade efetiva entre os níveis  sociais, exige educação básica de nível, igual para todos,  sem promessas vãs. Igualdade de oportunidades, para quem está disposto a se dedicar, sem esperar vantagens sem  as merecer.

Que democratas são os que não admitem que as pessoas tenham direito a ter satisfação e dizer o que são, ou de que gostam? Logicamente, sem menosprezar outras raças/etnias... Que todos se orgulhem também do seu País como nação multirracial. A questão enquadra-se nas liberdades essenciais da pessoa humana. Tolhê-la é crime, é ato anti-social.
Cada um seja honrado pelo que é e por seus méritos, sem malabarismos psico-sociais... Aplausos para todos, sem discriminação! Esta é a lei da vida e da sadia convivência. A lei da prosperidade, da justiça e da paz.

8. Alguns brasileiros sociólogos, antropólogos ou professores, com toda à competência de cada um, parece que ainda lêem e se inspiram na Cartilha da América do Norte, para falar ou inventar as “raças contrárias” do Brasil. Sem dúvida, este é apenas um deslize de pessoa descuidada. Seja relevado! Mas seja corrigido, urgentemente. Seja contestado.
Brancos e negros foram, e até certo ponto ainda são, raças contrárias, nos Estados Unidos da América e em outros países, oficialmente, por lei.
Aí negros eram proibidos de usar meios de condução de brancos, de ir a igreja de brancos, de ir a clubes de brancos, de frequentar escolas de brancos, etc, etc...
Kennedy - Google
Bem haja o Presidente Kennedy que possibilitou o início do fim de tão injusta e sórdida discriminação. Foi a vitória da razão e da fraternidade universal. O livro do senhor H. Golden demonstra  esse processo histórico revolucionário. (Ver citação, em nota final).
Não podemos importar as classificações americanas que não se aplicam ao caso brasileiro. Seria erro grosseiro...

No Brasil, nunca existiu tal segregação, ao menos oficialmente. Se houve casos, e houve, são esporádicos.Desentendimentos entre pessoas, por questão de etnia, de confronto entre países, ou de classe social ou de sexo, de interesses concorrentes sempre houve em todos os povos, o que deu origem a terríveis conflitos, às vezes bárbaros.

IV- Igualdade Multirracial – Um Diferencial do Brasil

9. No Brasil, as diferentes raças sempre conviveram em relativa solidariedade. Eventuais conflitos existem, mas entre pessoas. Por questões pessoais e não raciais.
Foi assim que produzimos um povo miscigenado, sem complexos; um povo único no mundo.
Foi assim que produzimos o mulato, também denominado moreno ou pardo.
No Brasil, a miscigenação assumiu tais dimensões, que, pelo CENSO de 2000, o país tinha a seguinte distribuição de raças:
Brancos:                                53,8%
Morenos/Mulatos:                 39,1%
Negros:                                   6,2%
Outros:                                     0,9%
Não podemos deixar de destacar a cor sadia e o tipo forte do Moreno/mulato brasileiro.
Artesanato - Bahia
A campanha, que algumas ONGs vêem fazendo, para juntar pardos e negros numa mesma conta estatística, não tem sustentação científica e nem social. Cientificamente, negro é negro, pardo é pardo e branco é branco. Socialmente todos são cidadãos. Sem superioridade, nem inferioridade, em termos diretos  essenciais. Aqui, todos têm  igualdade de direitos mas todos são diferentes no mérito. É a celebração da unidade na diversidade, ao menos em princípio.  Os abusos atingem todos, indistintamente, não pela raça ou cor da pele, mas pelo abuso autoritário de alguns que se arrogam lançar o direito da força contra a força do direito. Estes contraventores fazem o nosso mundo inquieto e injusto.
Concretamente, os negros são minoria absoluta, (6,2%) o que não lhes tira a dignidade, nem o respeito, neste país. Pardo é a criação genética brasileira/portuguesa, da qual devemos nos honrar. Pardo/Moreno é brasileiro, com todo o direito à sua especificidade; em 2.000 eram 39,1% da população brasileira.
Cientificamente, como dissemos acima, a maioria  de brasileiros são miscigenados, ainda que se considerem brancos ou negros, pela cor da pele. O DNA não deixa dúvidas. Essa é a nossa realidade genética.  Então a maioria dos brasileiros pode ser branca na cor, mas geneticamente, é morena.
Anular a categoria racial do pardo/mulato?! NUNCA. A quem interessa este golpe?! Não fica bem tal jogada casuística, injusta e inoportuna. Seria uma violência inconcebível.
Mas essa violência está em marcha. Está sendo comprada pelo golpe da bolsa-cota nas Universidades, onde só os declarados negros, têm direito ao benefício, que é negado aos pardos/morenos/mulatos. Isto é estimular e impor uma classificação falsa.
O mulato precisa se honrar de ser mulato. Tem motivos mais que suficientes.
Para ser justa, a classificação deveria ser para todos os candidatos de parcos recursos, quer sejam negros, pardos, ou brancos!

10. O Brasil, desde os primórdios da colonização implantou o alegre congraçamento de povos. Basta ter olhos  para ver.
Artesanato - Bahia
Aí está o grande patriarca  dos paulistas, João Ramalho; o patriarca dos baianos, Diogo Álvares Correia, o Caramuru; Jerônimo de Albuquerque, o patriarca dos pernambucanos.
A miscigenação produziu, no Brasil, um espírito solidário, alegre, comunicativo; um espírito dionísico, que ajuda o povo a se sentir cheio de esperança, mesmo na carestia. É um povo cordial e altivo, sempre confiante que é capaz de superar a adversidade.
Mas, atenção: ser cordial não é ser otário, como alguns confundem!
Esse povo, miscigenado com o branco, foi capaz de articular o espírito apolínio, empreendedor, com o espírito dionísico, de alegria contagiante de viver.
Isto que o Brasil tem  e até esbanja, faz muita falta ao resto do mundo.
Este é o grande diferencial do Brasil. Disto os EEUU são muito carentes. Por isso, será superado pelo Brasil, até na força do desenvolvimento, com humanismo.
Isto é o resultante da conjuminação de brancos, negros e indígenas, com respeito solidário à dignidade de cada um.

11. A miscigenação do branco português, com o negro, deu um tipo belo, simples, altivo e forte: o pardo, moreno, geneticamente: mulato.
Artesanato - Bahia
Por esta estatística, o Brasil bem pode ser designado como POVO MORENO, como queria Gilberto Freyre. Darcy Ribeiro também defendeu a categoria de Povo Moreno. Esta categoria reuniria os mulatos, os negros e até os brancos, se pensarmos na miscigenação cultural, que aqui é um fato.
O mulato é apenas a miscigenação do branco com o negro, que produziu um novo tipo humano, que bem pode ser apreendido como um tipo de características próprias, que, culturalmente também vai dando novo destaque à cultura brasileira. Moreno/Mulato ainda não adquiriu o status de raça específica, mas bem o merece.
O tipo moreno tem muitos valores que muito o honram, e enriquecem a nação brasileira. Machado de Assis é um deles. Exemplos de grandes homens morenos existem, em profusão.
O próprio Fernando Henrique pode ser classificado como moreno, visto que tem sangue branco e negro, segundo ele mesmo já declarou. E está muito bem acompanhado. Até porque, ele é, antes de tudo, um grande cidadão brasileiro: um dos  baluartes de nossa história e de nossa cultura.
No Brasil, brancos, morenos e negros convivem em paz. Salvo alguns grupos radicais, interessados em outro rumo, e em dividendos duvidosos, somos um povo solidário, unido e multirracial. Um país modelo pelo respeito à diversidade.

12. Os humanos precisam aprender a apreciar o mundo como ele é; o mundo total, para saberem o que representa a humanidade, nesse macrocosmos tão complexo. Só assim superamos nossa visão apequenada. Então vejamos:
Artesanato - Bahia
O nosso mundo está cheio de  Beleza, no céu, na terra, no solo e subsolo, no ar e no espaço sideral ; e até nos seres microscópicos.
A terra tem belezas incríveis: nas plantas, nas aves, nos peixes, nos animais, nas montanhas, nos rios e riachos e nos oceanos; no sol, na lua nas estrelas e nos ventos; por toda a parte.
Há uma imensa diversidade, com contrastes, confrontos e paradoxos. A vida bem vivida nunca é morna.
convergências e divergências, tudo buscando uma harmonia possível. Uma certa dialética rege a vida e o mundo. Dizia o poeta brasileiro que “a vida é luta renhida” (Gonçalves Dias). Na vida há alegrias e dores; mas há também esperanças e ousadias;  há tristezas e alegrias, como há a noite e o dia.
Aí está o ser humano, tributário de toda essa  multiforme  complexidade.
Alguns só vêem nos humanos, feiúras. Eu prefiro olhá-lo em suas belezuras.
Sem fechar os olhos para as feiúras, os males do mundo, deixou o tema para outra hora.
O ser humano é fundamentalmente belo. É belo na essência e nas aparências.
Quanto ao tipo de beleza física, dos humanos, em princípio, todos são belos; todos têm beleza salvo as vítimas de anomalias. São belos os brancos, os negros, os morenos/mulatos, os vermelhos e amarelos. A beleza física a todos aquinhoou, cada um a seu modo. Os brancos são belos, mas os negros e pardos não perdem no páreo. É simples arrogância os brancos se acharem os mais belos. A comparação é precária. Qual o parâmetro?! O Moreno/mulato, de modo geral, é muito belo, só não vê quem não quer.
Di Cavalcanti
Entretanto a beleza que mais vale não é a física, mas a beleza do caráter. De fato, toda a beleza física é passageira, só a beleza espiritual permanece e viceja por toda a vida. Cultivemos uma, sem nos descuidarmos da outra.
Não podemos deixar de ressaltar que a mulata brasileira é um dos tipos de mulheres mais belas do mundo, cantada em prosa e verso. A mulata esbanja beleza!
É a auspiciosa convivência, sem antagonismos, da unidade na diversidade, que todos os países admiram. É aí que o Brasil dá uma lição magistral à humanidade, sem dizer nada e só por ser o que é...: um povo miscigenado, multirracial e solidário.
Diante deste arrazoado podemos reafirmar com convicção. Gilberto Freyre tinha razão. Bem haja o grande mestre.
(SP. 10/08/2010)
Nota:
1.Há uma ampla bibliografia sobre a questão dos negros na América do Norte. Destaco a obra “Kennedy e os Negros”, de Harry Golden, publicado pela Martins Ed. Em 1965 – São Paulo.
2. Os dados estatísticos são do Censo Demográfico do Brasil, 2000.
3. Leia, complementarmente:

*  Gilberto Freyre Polêmico (clique)
*  África, Um Continente Consolida seu Futuro (clique)
*  Brasil Multirracial (clique)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Brasil Multirracial

BRASIL MULTIRRACIAL
Um País Uno e Plural ou Um País Dividido?!
J.Jorge Peralta
            A partir da promulgação do Estatuto da Igualdade Racial somos compelidos a fazer alguns comentários, correlacionados ao tema em destaque: a Questão Racial no Brasil. É o assunto do presente ensaio, que pode ser seguido de outros. Seguimos rumo, em contraponto, denunciando riscos prováveis, a serem  prevenidos, para o bem da nossa nação plural e unitária e para que esta Lei não seja a nova ânfora de Pandora.

1. Unidade na Diversidade
O Brasil, como povo e como nação, é uma das obras primas mais belas da civilização humana. Tem alguns defeitos  (qual não tem?!) e muitas virtudes, que garantem sua grandeza. Respeitêmo-lo como ele é.
Este é o país que conseguiu fazer a grande síntese da humanidade. Aqui coabitam todas as raças e povos, em convivência cordial.
            O Brasil é um País que consagrou a convivência pacífica da diversidade.
Pero Vaz de Caminha, em 1500, já registra o fantástico congraçamento de brancos e indígenas, na chegada de Cabral. Espelhou o tradicional olhar do português sobre o mundo.
Ninguém tem direito de desafinar mais esta orquestra. Procuremos, antes melhorar a sua afinação. Ela é genial.

Este é o país plural por natureza: um país miscigenado, em termos genéticos e culturais.
Brancos, negros, morenos, vermelhos, amarelos, aqui convivem sem perseguição e com relativo respeito à dignidade de cada um. Este é um povo cordial.
Cordial?! Cordial, sim, mas não perfeito. Rusgas entre uns e outros sempre haverá.  Tanto entre “raças” como entre irmãos.
Não é problema racial, é apenas fraqueza, cobiça ou farisaísmo da própria condição humana.
O Brasil é um país multirracial, um país plural. Todo o mundo sabe disso. Só alguns brasileiros não querem ver. Por ignorância, por desinformação ou por mal-querença, alguns querem retorcer e mudar os rumos da história do País.
Muitos não vêm esta realidade, positiva, que nos enleva, porque querem transplantar para cá os paradigmas dos EUA. Mas tal atitude não é adequada; São realidades muito diferentes que não prosperam. Mas incomodam muita gente. Tumultuam.
Muitos não conseguem entender a complexidade do modelo social brasileiro. Querem adotar aqui o modelo de análise da realidade americana. Impossível. Só pode gerar conflitos. As duas realidades, são incompatíveis. São também incompatíveis os modelos de análise.
Nos EUA, opõem-se brancos e negros. No Brasil, a realidade é outra. Temos uma  terceira categoria social, o mulato/moreno que é o elo de ligação nacional, originado, do relacionamento do branco com o negro. O mulato (branco+negro) é marca nacional.
Conseguimos construir um país unido e solidário. Quem agora está querendo dividi-lo? Parece que há sempre um Judas à espreita. Se nos descuidarmos, ele leva vantagem. Vamos reagir! Vamos recuperar o Brasil brasileiro e não deixar americanizá-lo...
Há muita visão equivocada. Vamos pensar juntos. Há, no Brasil e em outros países uma grande máquina de intimidação, de ameaça bem montada, mas é preciso reagir para não amordaçar a sociedade livre.
Não deixemos silenciar a “Aquarela do Brasil” (de Ary Barroso). Não deixemos o mundo urbano matar de vez o Brasil genuíno, original, que muito bem pode ser preservado. É este o Brasil que encanta o mundo. É esta a nossa grande mensagem de Paz!

2. Mandela no País Multirracial
Nélson Mandela, ao visitar o Brasil, após o fim do apartheid, saudou o Brasil, com orgulho, como país multirracial, onde brancos, negros e morenos convivem em paz e harmonia. Enfim, os ideais que ele queria ver implantado na África do Sul.
As ONGs berraram, farisaica e fascisticamente, porque Mandela prejudicava a sua atuação. Tirou-lhes a máscara e a razão.
Saiu em campo a “lei da mordaça” e a afirmação de Mandela foi banida, talvez em nome do “politicamente correto”. Pigmeus quiseram dar lições a um gigante.
O rolo compressor é terrível e massacrante... É sádico e perseguidor inveterado.
 Sim, muitas ONGs vivem da desavença. Até a criam quando não a acham. Mas a desavença sempre existirá entre as pessoas. Por inveja, por ódio, por ignorância, por totalitarismos fascistas e até por motivo de complexo e discriminação racial. Mas estas são mazelas da insensatez humana. A civilização trabalha para banir tão constrangedora mazela da sociedade, com sinceridade e lealdade à humanidade.
Não deixemos destampar a ânfora de Pandora. O Bem e o Mal coexistem sim. Alguns querem levantar a tampa da ânfora, para fazer sair os males, que estão na superfície, e tampar de novo para que os bens fiquem prisioneiros e a sociedade vire um pandemônio. Assim poderão infernizar a vida de muita gente dedicada e decente. Puro sadismo?!

3. Brasil, um País Multirracial
O Brasil, como tal, é um país cordial. Isto não significa ser morno, como muitos interpretam; morno ou frouxo. Isto ele não é. Mas é cordial e isto o honra, por mais que a onda “politicamente correta” o empurre para a agressão grosseira... que vão se tornando moda de bom tom (?!). Ser cordial, para alguns, não é marca de prestígio... São os cegos preconceituosos...
Nas escolas lhes ensinam preocupantes lições: que sejam arrogantes, abusados, vilões; que levem sempre vantagem, em qualquer situação.
Inimigos sempre os tereis por perto, diria alguém.
E Vieira retrucaria: “É melhor ter inimigo do que não os ter”. É sinal de que você tem algo mais, que o outro inveja. O Povo brasileiro é um povo vivo, ativo e sagaz.
Os judeus e árabes, em Israel e na Palestina, digladiam-se por disputas de territórios. Aqui convivem lado a lado, pacífica e amistosamente. Aqui vivem em paz, com o respeito a que têm direito todos os seres humanos.

4. Sementes da Discórdia
No Brasil, até dois anos atrás, nas salas de aula, ao menos em todas as escola públicas, havia um número determinado de alunos. Ninguém sabia quantos brancos, quantos negros e quantos morenos (mulatos). Jamais houve esta distinção, essa estatística. Eram apenas gente, alunos. Não havia, nem se imaginava, a distinção pela cor da pele. Apenas se distinguiam, eventualmente, por sexo: masculino/feminino. Não havia discriminação.
Todos conviviam natural e espontaneamente. O sistema cooperava.
A divisão só veio no governo atual, por obra e graça das ONGs que faturam no conflito e ameaçam com a “mordaça” a quem quer liberdade para pensar e seguir, por caminhos de ares menos poluídos, pela intransigência míope.
Neste governo, as ONGs da área, conseguiram até uma Secretaria/Ministério própria.
Para o Estatuto da “Igualdade” Racial, o brasileiro é antes branco ou negro e só depois é brasileiro. Para rechear suas estatísticas, agregaram aos negros, os morenos/mulatos, descartando-os com categoria. Ocultando-os, como se isto fosse possível!!
No entanto, os morenos/mulatos, não são negros. São uma categoria especial, com muita honra. Têm sangue branco e sangue negro. Podem então ser brancos ou negros, ou de preferência são morenos, como queria Darcy Ribeiro. No moreno temos a síntese da gente brasileira.
Os morenos  querem ser respeitados como morenos. São mulatos, isto é, são mestiços e formam uma comunidade respeitável na sociedade brasileira.

5. O Mulato em Destaque
Os mulatos/morenos/pardos são um alto contingente dos brasileiros. Aproximadamente 43,2% dos brasileiros são pardos/ mulatos/ morenos, segundo o IBGE. Ainda não há uma designação fixa. Eu prefiro “moreno”.
Não estou adotando o termo mulato, porque alguns o consideram, artificial e tendenciosamente, como depreciativo.  Lançaram descrédito preconceituoso sobre o nome mulato. Mas não é nome depreciativo. São interpretações falsas, tendenciosas e preconceituosas. Devem ser superadas e revertidas.
Acho, aliás, que poderia ser retomado o termo mulato, com todo o vigor e orgulho, vencendo preconceitos detestáveis, que ocorrem hoje, desonrando o País. Não esqueçamos que as nossas mulatas são padrão de beleza escultural internacional.
Se mestiço não sugere preconceito, por que o nome mulato é mal visto? Quem o quer denegrir? Vamos  iluminá-lo com a verdade sócio-cultural. Vamos recuperar-lhe a positividade.

Em termos lingüísticos, pela etimologia, a nossa palavra “mulato” vem da língua árabe e quer dizer, simplesmente, “mestiço”, isto é: filho de árabe com não árabe. A palavra “mulato” vem da palavra árabe “muwallad”. Wallad quer dizer: procriar.  
Lembremos que os árabes estiveram em Portugal, por 400 anos.
A Língua Portuguesa tem muitas palavras de origem árabe. Mulato é uma delas.

No Dicionário Latim-Português, de Hieronymo Cardoso, publicado em Lisboa, em 1569, a palavra “mulato” significa mestiço. Assim ficamos sabendo que, em Portugal, no século XVI, já havia mulatos, que eram os portugueses mestiços de árabe com lusitanos, por exemplo. Então não é uma palavra ofensiva. Por que seria?
Culturalmente, somos todos mulatos, pois nossa cultura é mestiça. Somos o Brasil Moreno.
A palavra mula, aplicada ao animal híbrido, tem a mesma origem, com o significado de “mestiço”.
O nome “mulato” não tem nada a ver com o animal muar. Apenas o nome dos dois tem origem no conceito de mestiço, como origem genética, sem interferência biológica ou de status social.

Há algum tempo ouvi um estudante, na Faculdade, dizer que não é mulato, porque a mãe dele não é mula. Veja o que faz a informação preconceituosa. Ao lhe informar eu que a palavra mulato quer apenas dizer que ele é mestiço, ele se alegrou, e se sentiu enganado, dizendo que então gostava de ser mulato, porque de fato é mestiço. Achou então a palavra bonita e verdadeira. Jamais ofensiva como alguém lhe anunciara. Estes preconceitos, forjados  e ofensivos, são criminosos. É preciso desmascará-los.
Hoje, mulato significa, etimologicamente apenas: mestiço = filho de branco com pessoa de cor negra. No nosso caso designa: Português + Negro = Mestiço=Mulato=Moreno.

O Brasil é um país moreno. Assim é o nosso povo. Um povo belo e honrado.
Assim é e assim será. É o nosso DNA.

6. O Estatuto Une ou Divide?!
Estão impondo ao país, goela abaixo, o Estatuto da Igualdade Racial, de intenções um tanto quanto inconfessáveis.
Quanto ao projeto do Estatuto foi divulgado, em 2007/2008, causou profunda celeuma.
A antiga Ministra/Secretária da Igualdade Racial deixou clara as intenções perversas do Estatuto, ao tentar impô-lo “na marra”.
A Imprensa nacional degladiou-se, denunciando o caráter nada democrático do Estatuto. A polêmica nacional marcou o momento, que chegou a ser constrangedor, mas muito esclarecedor.
Desmascarou o tal Estatuto.

Igualdade entre todas as pessoas, sem discriminação, é o que todos querem, mas não novas artimanhas para jogar uns contra os outros, para dar mais poder de manobra a alguém.

O verdadeiro Estatuto da Igualdade é a Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana, proclamado pelo ONU.
A Constituição do Brasil, de 1988, é eloquente neste campo da igualdade social, que inclui a igualdade racial.
Finalmente, no início deste mês de julho (2010) o Estatuto, com profundas alterações, foi aprovado no Congresso Nacional, e promulgado pelo Presidente, no dia 20/07/2010. Algumas afrontas à razão humana e à igualdade entre as pessoas forma sanadas, mas o cerne permaneceu. O cerne insensato da divisão do povo brasileiro, golpeando sua característica essencial de um povo uno e diverso, um povo plural, foi mantido.
A Constituição exige tratamento a todos, por igual,  a cada um conforme a necessidade, sem paternalismo e sem discriminação de raça, sexo ou condição social, sempre como promoção humana. Isto é igualdade de direitos e de deveres.
Assim, todos os excluídos, socialmente, deveriam ter alguma proteção, quer sejam negros, brancos, amarelos ou vermelhos. Todos, sem discriminação, precisam ser beneficiados por medidas positivas, através de políticas públicas adequadas. Todos precisam ter sua oportunidade, sem castramentos, legais ou não.
Quisera eu que estivessem enganados todos quantos tiveram coragem de levantar sua voz contra  este desserviço à nação, de leis extravagantes.

7. Lei Implanta a Discórdia
Trocam a unidade e a paz do país por dividendos políticos, oportunistas, ante uma imprensa aturdida e babaca, sem aptidão crítica, subserviente...
Ao assinar este Estatuto, o atual governo compactuou com uma lei complementar que muitos consideram um crime de lesa-pátria. A conferir. Representa um simulacro de Apartheid racial americanizado, às avessas.
Estará dividindo o país entre povos, raças e etnias, ferindo gravemente e talvez irreversivelmente sua unidade multirracial, que era sua grande marca, seu maior motivo de orgulho.
A obra genial da fraternidade multirracial foi agredida. O coração do Brasil foi golpeado.

No novo Estatuto não teremos mais um povo de brasileiros e brasileiras, mas um povo de brancos, negros, afrodescendentes e eurodescendentes, etc. Desaparece o moreno/mulato, que era nossa marca registrada. Esquecem-no ou desconhecem-no como se fosse algo indigno e descartável. Sai da Estatística. Isto é que é indigno!
Entretanto, o mulato/moreno, tem tanto direito ao reconhecimento de sua especificidade racial, como o branco e como o negro. É questão de legitimidade. Falsificar a realidade é falsidade ideológica. Quem quer ser enganado?! Quem se cala?!
É uma condição humana, tão normal e tão genuína, ser descendente de branco+branca, ou negro+negra, ou branco+negra. Geneticamente até há alguns ganhos... Todos sabemos disso.
O mulato/moreno não tem porque envergonhar-se da própria genética. Deve antes se orgulhar. Quem quer enganar o povo? O Brasil orgulha-se de ser um povo mulato, miscigenado e mestiço.
Quem entende a história e a questão da interação humana sabe disto muito bem. O conhecimento está disponível para quem o procura; não tem trancas.
Agora, uns lutarão contra os outros, não pelos direitos iguais de todos, como cidadãos, mas cada um querendo tirar vantagem. Querem implantar a discórdia?! O Estatuto abona atos anti-sociais?!

O Estatuto lembra-me o bolo de aniversário de São Paulo: dada a largada, as pessoas se lançavam sobre o bolo, desorganizadamente e ambicionando pegar o mais que pudessem, numa sofreguidão deprimente. Jogavam ao chão uma boa parte. Quem chegasse alguns minutos depois já não teria nada para levar para os seus. O desperdício é de lastimar.
Mais uma vez vence a lei de Gérson:
Tirar vantagem em tudo”, contra quem quer que seja, e por tabela, contra si mesmo.
Só um Congresso débil, fraco, mambembe e subjugado, para cair nesta esparrela, destruindo o que promete.
Este é o país que o governo quer criar?! Que futuro queremos?!
Os ódios intergrupais, estimulados pelo nonsenso poderão jogar grupos contra grupos, em disputas armadas, fazendo jorrar mais sangue de inocentes. Alguém está apostando nesta opção?!
Não creio que alguém queira isto. Por que não se faz uma campanha cerrada, exigindo educação de qualidade para todos e postos de trabalho para todos viverem com dignidade do próprio trabalho e não da esmola que humilha e subjuga.

8. Fraternidade Ameaçada
É preciso acautelar-se dos semeadores da cizânia. Não deixe destruir o seu belo país.
O fatídico Estatuto pode ameaçar a fraternidade multirracial do Brasil.

Todos queremos, sim, um país igualitário. Mas não é por meio de leis, como esta, que alcançaremos mais justiça e equidade neste país fantástico, mas amordaçado por alguns manipulados e fracos sob o comando de forças iníquas e escusas.
Queremos todo o povo unido contra a desigualdade social, contra todas as injustiças, contra toda a discriminação, contra o racismo e contra o farisaísmo.
Sem dúvida esta lei poderá ter efeito danoso, contrário. Produz a cisão iníqua, no meio do povo. Em vez de abolir as divisões entre raças/etnias, aumentará a divisão.
O povo brasileiro repudia tal divisão. Esta lei é efetivamente iníqua e deve ser repudiada, em nome do ideal igualitário do povo brasileiro, que dizem querer implantar.
Fiquemos alerta para que esta previsão não prospere e para que o Estatuto, pela oposição que se lhe faz, se mude na prática num benefício efetivo a unidade multirracial do povo brasileiro. Que todos se mantenham solidários e fraternais, sem fronteiras raciais.

9. Dignidade sem Fronteiras
            Muitos podem não concordar com algumas das afirmações desta crônica. Todos têm direito de discordar, dando as suas razões, com lealdade. Este é o modo como encaro esta questão, muito séria, no âmbito das razões que expus.
Defendo a democracia multirracial e plural, com liberdade, igualdade e fraternidade, sem a “lei da mordaça” que alguns tentam impor a quem deles discorda.
O foco de tudo é a dignidade humana, sem fronteiras. Deste limite não deveríamos passar. Esta é a garantia das liberdades, com justiça, que tanto prezamos.
Devemos consultar sempre a Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana”, da ONU, que não exclui ninguém.
Amigos,
Para degustar, poética e artisticamente o cerne das ideias que aqui debato, recomendo que ouçam as gravações cujo link vai a seguir.
Basta clicar.



Leia mais, Dar é Humilhar (clique)

DAR É HUMILHAR
                   ENSINAR É LIBERTAR
                              
                                    "Ganharás o pão
                                   com o suor de teu rosto"
                                         (Gêneses)

       
                   1

         NÃO FAÇA NADA  POR NINGUÉM

          Não faça nada por ninguém
          que isso humilha o cidadão,
          se é humano e capaz.
          É paternalismo furado.
          Acomoda mas incomoda.

          Dar o peixe
          é perpetuar  o pedinte.
          Ensinar a pescar
          é libertar.

          Ajude a obter o anzol
          e a programar a pesca,
          e terá  um homem capaz,
          auto-suficiente e feliz.

          Ensine cada um
a encontrar as próprias soluções,
          a definir o próprio rumo,
          a ser mais que um objeto de consumo,
          a ser um homem, não um cogumelo.

          Dê educação,
          ensine uma profissão.
          E o homem terá aptidão,
          e construirá a cidade
          com coragem e tenacidade.

          Construirá seu teto
          formará seu lar
          ganhará seu pão.
          Será um cidadão.
          Orgulhoso da vida,
          terá sua profissão,
          como um galardão.

          Dar o peixe é perpetuar  o pedinte.
          Ensinar a pescar é libertar.


                 2

             FAÇA TUDO

          Fazer pelo outro
          o que ele é capaz de fazer
          é dominá-lo, amordaçá-lo,
          anulá-lo, escravizá-lo,
          subservientá-lo, oprimi-lo...
          É fazer nada !
          Nada que possa ajudá-lo.
          É maltratá-lo.

          Mostrar-lhe o caminho
          apontar-lhe a luz,
          despertar sua vontade de vencer e de viver,
          é recuperá-lo e dar-lhe autonomia.
          É reerguer o homem.
          É fazer tudo.
          Tudo o que pode libertá-lo.

          E o homem se manterá confiante
          senhor de si, de seu caminho,
          livre do lobo e da serpente,
          da subserviência e da opressão.

          Liberto,
          o homem será um cidadão!
          E você também.
          Você terá feito tudo por seu irmão
          E basta!
          Do mais ele será capaz.
          Deu-lhe sua mão.
          Abriu-lhe seu coração.
          Deu-lhe educação.
Arrancou-o da humilhação.
          Tirou-o da contramão.
          Ajudou a recuperar um cidadão!
          E viva a nossa união!



                    3

           É DANDO QUE SE RECEBE

                             "Em se plantando tudo dá"
                                                                P.V.Caminha

        
        Se não estás disposto a suar a camisa,
        não serás merecedor,
        de um teto,
        de um afeto,
        ou de um prato de comida.

        O mundo moderno, populista
        é escravagista!
        Oprime os fracos com fantasias...
        com promessas vãs.
        Obstrui suas mentes e domina-as
        com falácias
        e falsos eldorados.

        Todos querem comer
        mas também é preciso plantar, cuidar e colher.
        Todos querem ter uma casa,
        mas quem se dispõe a construí-la?
        Todos querem o caminho, mas quem abrirá a picada?
        Quem fará a trilha?
        Quem compactará a estrada?

        Sem esforço nada teremos.
        Se o grão não morre não nasce a planta.
        Sem parto não haverá nova vida.
        Sem esforço e dedicação
        fenece a cidade, a família e o cidadão.

        O que vem do céu é a chuva e o sol,
        e até balão e avião.
        Se não plantarmos e cuidarmos
        só teremos capim para os quadrúpedes,
        e pouco mais.

        Cuida de tua planta e do teu chão
        e colherás frutos e sombra.
Cuida de teu espírito e terás a benção.
        Cuida de teu bem e terás amor.
        Com amor e dedicação
        inspiração e  transpiração,
e um pouco de sagacidade,
        Terás tudo o que precisares.

        Não queiras o que não produziste
        para não seres usurpador ou ladrão.
        Não queiras surrupiar o trabalho dos outros,
Se não o pagaste.
        Não sejas escravo de ti mesmo
Escravo de tua ambição.

        Faz e terás
        pois é dando que se recebe.
        O suor e o amor darão a vida,
        o amor, e o afeto,
        a casa e a comida!
             
        Se não cuidares da terra,
        Se não suares a camisa,
        não terás direito ao pão,
        ao teto, ao afeto nem a consideração.

        Não serás merecedor do sol
        que te aquece 
        nem da chuva que te refresca
        nem da sombra que te protege
        nem do amor que te acalenta e te completa.

        Esta é a lei da vida,
        a lei de Deus e dos homens.
        Tudo o mais é degradação;
        é enveredar pela contramão.